sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

My name is KHAN and I'm not a terrorist.

               Eu nasci no fim da Guerra Fria. Obviamente, não lembro de nada e as únicas informações que obtive sobre esse período de tensão foram nas aulas de História, revistas e livros. Mas de onde será que vem toda a informação desse período? Com certeza, no meu caso, aprendi muito mais com a Guerra Fria assistindo aos filmes de Hollywood. Falando nisso, quem nunca se apaixonou pelo desenho da Disney, a Anastasia? Sim, eu amo os filmes de Hollywood e os desenhos da Disney, mas eu assisti ao filme de Bollywood "My name is Khan" (Meu nome é Khan) que me fez rever certos conceitos.
                O filme tem como ator principal Shahrukh Khan que interpreta o personagem Rizwan Khan, um muçulmano com Síndrome de Asperger (uma espécie de autismo). Sabe aquela pessoa super fofa que você tem vontade de levar pra casa? Rizwan é assim! Um coração de ouro que tem medo de barulho e cores amarelas. Com a morte da mãe, ele deixa a Índia e vai para os Estados Unidos encontrar seu irmão (único parente vivo). O irmão é do tipo que você morre de ódio durante o filme todo. Ele manda Rizwan vender cosméticos. Assim, o personagem principal conhece o amor da sua vida Mandira, indiana, divorciada e mãe de Sameer. Eles casam e passam a compartilhar o sobrenome Khan. 
                     Nem tudo na vida são flores. Nem só de romance vive Bollywood. O que você lembra do 11 de setembro de 2001? Eu lembro do plantão da globo mostrando cenas fortíssimas o tempo todo. Deu pena daquelas pessoas nas torres gêmeas. Deu raiva do idiota que fez aquilo. Mas quem foi o idiota que fez aquilo? Logo surgiram os culpados: Al-Qaeda, Osama Bin Laden, muçulmanos. Eu era inocente demais na época para entender, mas hoje vejo que todos os brasileiros estavam na mesma situação. Pense só: as fotos de Osama não te dão medo? Ele se veste de branco, usa barba longa e um turbante. Vai dizer que você não sentiria medo de alguém com aparência semelhante? Você já ouviu falar nos Sikhs? Acredito que não. Explico: os Sikhs são pessoas como nós que seguem uma religião monoteísta, o Sikhismo. Uma das crenças do Sikhismo envolve não cortar o cabelo (nem barba, nem nada) e o uso de um turbante. Agora junte tudo: 11 de setembro, terroristas, Osama Bin Laden, turbante, Sikhs. Vai dizer que você não confundiria um Sikh com um adepto de Osama? Eu, infelizmente, já fiquei sabendo de vários casos de Sikhs visitando o Cristo Redentor, como qualquer turista, até que chega um brasileiro e aponta : "Olha, terrorista. Vamos pedir pra tirar uma foto."
                    Eu não vou estragar o final do filme. Eu não vou contar o desenrolar de tudo. Mas queria deixar registrado que todo mundo deveria assistir. Você que sentiu pena dos milhares de mortos do 11 de setembro e ódio dos muçulmanos, deveria conhecer o outro lado da moeda. "My name is Khan" é com certeza um filme qualificado pra tal. Quem sofreu nesse dia, não foram somente os parentes dos mortos, mas também toda uma população que por possuir uma certa religião passou a ser julgada. Muçulmano e Sikhs, um preconceito que não ficou somente no 11 de setembro. Eu me senti dentro do filme quando fui aos Estados Unidos. "Tire os sapatos, celular, laptop". Quase nu você finalmente consegue entrar no país. 
                     Quanto a Guerra Fria? Acredito que foi semelhante. Nós aceitamos tudo que vem do capitalismo e esquecemos de ver o lado do comunismo. Pelo menos, foi assim na época. Nascemos pra odiar o comunismo. Nascemos pra odiar Sikhs. Nascemos pra odiar muçulmanos. E o mais importante: nascemos pra não pensar. Eu achava esse discurso estúpido, mas acho que o filme deixa bem claro a importância dele. Afinal, discriminar alguém pelo sobrenome (Khan, Singh, Kaur, etc) ou aparência, já deveria estar no passado.