domingo, 20 de novembro de 2011

O porquê do título.

"Um sarau (do latim seranus, através do galego serao) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dançapoesia, leitura de livrosmúsica acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro.Evento bastante comum no século XIX que vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação. Consiste em uma reunião festiva que ocorre à tarde ou no início da noite, apresentando concertos musicais, serestas, cantos e apresentações solo, demonstrações, interpretações ou performances artísticas e literárias. Vem ganhando vulto por meio das promoções dos grêmios estudantis e escolas."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarau
"Ideologia é um termo que possui diferentes significados e duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao termo ideário (em português), contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerado um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana."

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ideologia


Sarau porque a intenção é discutir atualidades e, apesar de não haver uma interação como num verdadeiro sarau, pretendo a manifestação e expressão artística no blog.
Uma vez alguém me disse que tudo no mundo tem ideologia. Pode ser que sim, mas será que a ideologia é nossa? Preciso deixar claro que o termo usado é ideologia sob uma concepção neutra. Enquanto os surfistas estão "em busca da onda perfeita", eu ando em busca da minha ideologia. E você, já encontrou a sua? 

"Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!

Eu quero uma pra viver... "

Cazuza - Ideologia


Caminhando até a língua portuguesa


Um dia agitado. Aquele calor de 40º graus. Ninguém mastiga a comida direito. A pressa em voltar às obrigações é tão grande que, as observações de Zygmunt Bauman, em Modernidade Líquida, são diariamente postas em prática na cidade maravilhosa. Naquele dia, em especial, pude observar que a rapidez também estava na fala. “Chegou o peixe, neh?!” perguntou uma garçonete pra outra. “Neh”, uma junção de ‘’não é’’, é uma expressão comumente utilizada no dia-a-dia e, como disse um amigo estrangeiro, parece uma vontade preguiçosa do carioca em acabar logo a fala. Adicione o “então” que o prato fica perfeito. “Então tem certeza absoluta de que chegou o peixe, neh?!”.                                                  
Meu amigo estrangeiro, no entanto, não fora capaz de perceber que, em contraposição, as tautologias alongam o diálogo. Como um vício de linguagem, podem ser consideradas sinônimos de pleonasmo ou redundância. Do grego ταὐτολογία ("dizer o mesmo") é, na retórica, um termo ou texto que expressa a mesma ideia de formas diferentes, como dito pela garçonete “certeza absoluta”. Como alguém pode ter uma certeza certamente certa? Será que a certeza não era pra ser certa por si só?
Há quem diga que o fenômeno tem o papel de reforçar a ideia, mas será que o receptor é tão alienado que precisa do reforço? Nada melhor que explicar uma tautologia através de outra. “Tudo o que é demais sobra”. Realmente, as tautologias sobram. São encontradas diversas vezes nas conversas de elevadores. “O congresso ocorrerá nos dias 8,9 e 10, inclusive”. Se o dia 10 não estivesse incluído, não seria inclusive, certo? Ou será que algum dia eles vão inventar “dias 8,9 e 10, exclusive”, de forma a excluir o dia 10?
Nos não-lugares, como diz Bauman, esses fenômenos estão sempre presentes de alguma forma. O autor de modernidade líquida, no entanto, não percebeu que não deveriam ser chamados de não-lugares, mas lugares-da-língua já que é neles em que a língua portuguesa pode ser melhor observada. A começar pelos cartazes e avisos nos elevadores. “Aviso aos passageiros: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar".  Alguém conhece o Mesmo? Se a palavra mesmo for interpretada como pronome substantivo, refere-se ao elevador. Mas e se o Mesmo for um substantivo próprio? Então meu amigo, tome cuidado! Ele pode ser um espírito esperando por sua entrada no elevador, nesse caso, é melhor verificar antes.
Foi naquele momento-elevador que surgiu a pérola “Essas foram as palavras que o político as disse no fim do discurso”. Se o “que” já retoma “palavras” para que usar o “as”? Vale, então, lembrar uma célebre frase: “Quem pode mais, pode menos”. No caso, menos glamour, é a chamada hipercorreção. A hipercorreção é o exagero com que algumas pessoas procuram falar ou escrever certo. No intuito de mostrar que conhecem o idioma, elas escolhem formas linguísticas prestigiosas e fazem uma restituição exagerada. O hipercorretor tem a falsa ideia de que usar bem a língua é torná-la “difícil”, quando não incompreensível. Sempre que penso no assunto, eu me lembro de um amigo de infância que, apesar de ser uma pessoa simples, tentava parecer culto exagerando no vocabulário e acabava se atrapalhando. Ele dizia Eu tinha trago minhas fitas para a festa”. O particípio do verbo chegar é chegado e não adianta tentar colocar purpurina nas Estrelas porque elas já possuem luz própria.
Chegando ao seu destino, caso cometa alguma gafe com a língua portuguesa, aproveite que o preconceito linguístico está no auge e utilize essa desculpa. “Eu falei isso errado? Seu preconceituoso! Chamarei a polícia da língua portuguesa”. Se for réu primário, uma pena alternativa viável seriam as aulas de português. Até que 60 horas de aulas de português não seriam uma má ideia, só que o Réu, nesse caso, deveria ser aquele que fez o mau uso da língua. Assim, se o preconceito linguístico não for uma boa desculpa para fugir do assunto, utilize a chamada licença poética. Se a poesia pode fazer uso da chamada licença poética, que é a permissão para extrapolar o uso da norma culta da língua, porque não o poeta mesmo que amador? Agora “dê-me” licença poética que vou ali cometer uma gafe na língua portuguesa e já já estou de volta com uma “surpresa inesperada”.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Rock in ricos?

                O rock in rio está na moda. Moda? Sim! Tenho reparado que as pessoas não vão pela música, mas pelo clima e status do festival. ROCK IN RIO, EU FUI! Blusas, garrafas, fotos, tudo é válido pra demonstrar que você não perdeu o MAIOR FESTIVAL DE "ROCK". Ok, vou parar de fazer propaganda. Fato é que eu estava voltando pra casa num ônibus que dizia: Rock in Rio, eu vou. Uma moça fez sinal e perguntou ao motorista se ia para o rock in rio. Ele respondeu que não. Ela, então, contestou: se o transporte não passa lá porque tem um adesivo na frente com a propaganda? O motorista enrolou e não soube responder exatamente o porquê do adesivo, só sabia que não passava por lá.
                 Fiquei feliz por ter desistido de ir no festival. Explicarei o porquê. A falta de organização, depois de tantos planos da equipe de Roberto Medina, me fez pensar. O principal debate formado na sociedade: pode ter axé e samba no rock in rio? Se no nome tem rock não era pra ser só rock? Não importa! As questões mais importantes passaram despercebidas. Você sabia que o espaço para o evento foi construído em uma área de preservação ambiental bem às margens da Lagoa de Jacarepaguá? Pois é, foram necessários vários caminhões para o aterro e retirada da vegetação nativa. O meio ambiente agradece. Mas ninguém se importa com isso mesmo, vamos curtir o show!
                Outro fato interessante que me veio à mente foi a proximidade dos prefeitos da cidade do Rio de Janeiro. Muda o prefeito, mas não muda o conteúdo. Quando Cesar Maia inventou a cidade da música (que ainda não saiu do plano ideológico) críticas jorravam. "A culpa é dos pobres que não sabem votar". Então, as eleições chegaram. Entra Eduardo Paes e muda a cidade. Copa do Mundo!!! Olimpíadas!!! Eita cidade maravilhosa! Quanto orgulho de ser brasileiro! Hey, peraí! O rock in rio foi construído com dinheiro público! Minha faculdade pública está caindo aos pedaços. Nenhum político se atreveria a entrar no banheiro de lá. E os hospitais? E os moradores de rua? Esqueça tudo! O rock in rio está aí e é pra lá que eu vou. Afinal, os pobres elegem, mas quem aproveita mesmo são os ricos.


Oiii

Passando pra estreiar o blog rs
Bjs